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Amor de Mãe e sua grandeza


Dando continuidade à nossa homenagem ao Mês das Mães, compartilhamos hoje a história de uma pessoa querida e que representa a típica Mãezona: aquela que sempre acolhe mais um em seu coração. Seja aumentando a água do feijão, cuidando ou ensinando.


Zilda Maria de Oliveira nasceu em Presidente Venceslau (SP). Sua família levava uma vida simples. Sem muitos recursos, os pais de Zilda tinham que prover o sustento para 11 filhos. Muitas vezes a comida não era suficiente para todos e as crianças tinham que dividir o que havia disponível na mesa, comiam no mesmo prato para aprender a dividir igualmente entre os irmãos.

“Muitos dias minha mãe não tinha alimento para nos dar, ela então nos colocava para dormir e contava histórias de festas com banquete, assim o sono chegava e a fome passava.... Meus pais ensinaram os filhos a caçar, pescar, comer frutas e raízes. Diziam que tudo o que os passarinhos comem podíamos comer também”.


A casa onde passou sua infância era engraçada, parecia casa de João de barro e não tinha janela. O pai dela dizia que era para a onça não entrar para não comer os filhotinhos dele.

As crianças se divertiam brincando de cantiga de roda, passa anel, pique esconde e pega vagalume. Zilda adorava quando as pessoas mais velhas se reuniam para conversar, contar histórias e tomar chimarrão.


Zilda estudou até o 3º ano do Primeiro Grau. Com 10 anos foi expulsa da escola. Antigamente, quando os alunos recebiam castigo dos professores, eram colocados para ficar de joelho no milho em um canto da sala. Zilda ficava de castigo e comia todo o milho porque tinha fome. moça, adorava uma festa! Gostava de dançar e literalmente levantava poeira, já que não existia salão de dança, as pessoas dançavam no terreiro mesmo. Suas festas preferidas eram do dia de São Pedro e São João. Foi assim que conheceu seu primeiro marido, tinha apenas 16 anos e, na verdade, ainda era uma menina que brincava de boneca de pano e de espiga de milho.

Ao constituir sua família, continuou vivendo dentro da simplicidade de antes. Foi mãe enquanto vivia na roça e seu marido trocava dias de trabalho por alimento. “Me casei cedo, tive minha primeira experiência como mãe morando na roça... tudo muito simples, mas com uma riqueza de valores que recebemos de berço”.


O casal teve 6 filhos: Enizete, Elizabete, as gêmeas Elisangela e Elizandra, mais uma gravidez de gêmeos que durou 4 meses e não progrediu, por conta da rubéola que Zilda contraiu quando gestante.


Zilda deu à luz 5 vezes e, por incrível que pareça, não chegou a conhecer a sala de parto. Sua primeira filha nasceu na casa de sua sogra às 00:20h, por volta das 8 da manhã ela já estava de pé lavando as roupas do parto. Sua segunda filha nasceu na sala de espera.

“Nunca entrei em uma sala de cirurgia para ter meus filhos, foram partos rápidos. Quando tive as gêmeas, a Elizandra nasceu na sala da médica, que a enrolou em um lençol. Assim que foi chamar a enfermeira para auxiliar, a Elisangela estava quase caindo... eu não sabia que eram gêmeas! Completando as surpresas, ao chegar em casa, minha filha Elisabete, que tinha 1 ano e um mês, se jogou do berço e quebrou o nariz. Tive que voltar para o hospital com ela, as gêmeas recém nascidas e a mais velha. A enfermeira ficou impressionada com aquele tanto de filhos, achou que eram só as gêmeas que tinham acabado de nascer”.


Após o episódio, Zilda chegou em casa e uma vizinha foi até ela perguntar o que havia acontecido. Ao contar que havia ganhado gêmeas e ver que Zilda usava retalhos para vestir suas filhas, a vizinha – que já tinha perdido três gestações - doou os três enxovais que tinha para a família. Quase não coube no guarda roupa.


O primeiro casamento durou 15 anos, mas o vício do ex-marido em bebida alcoólica causou a separação. A união dos dois os presenteou com suas filhas e hoje resulta em uma boa amizade.

“Eu decidi me separar, no entanto eu o deixei com a casa que eu havia construído, meu irmão emprestou o terreno para que eu pudesse construir. Após minha separação eu me casei com meu negão”.


Foi no trabalho que Zilda conheceu seu segundo esposo, com quem teve mais um filho, dessa vez um homem, Sebastião. Dessa vez Zilda deu à luz no corredor do hospital e, mais uma vez, não chegou de conhecer a sala de parto.

“A primeira vez que Carlos chegou na minha casa foi muito especial. Minha filha Elizandra estava no carrinho, ele chegou até ela e começou a conversar, só tinha um detalhe: ela não conversava e nem andava, era uma criança especial que falava com a gente por forma de murmúrios. Ele sempre respeitou o pai das minhas filhas, sempre o tratou com muito respeito e atenção”.


O momento mais difícil da vida de Zilda foi a perda de uma de suas filhas gêmeas. Elizandra teve meningite com apenas três meses de idade, passou por 11 cirurgias e internou 26 vezes com pneumonia dupla enquanto moravam no estado de São Paulo. Devido à condição da filha, Zilda passou 11 anos em uma clínica aprendendo a fazer fisioterapia e enfermagem. Até que um dia foi aconselhada por um médico a se mudar para um lugar mais quente, assim se mudou com a família para o Mato Grosso, onde tinham alguns parentes. “Aqui ela viveu mais 14 anos e foi ao hospital pouquíssimas vezes, pois eu havia sido preparada para cuidar dela. Eu sempre pedi a Deus que ela não fizesse a passagem em um leito de hospital, e assim foi, ela fez a passagem como um passarinho em nossa casa”.


A presença, o amor e apoio da família foram o alicerce de Zilda para atravessar toda a dor e sofrimento ocasionados pela perda da filha.


Com o passar do tempo, a família foi crescendo e o super coração de mãe preencheu-se ainda mais de amor ao tornar-se um coração de vó.


Hoje Zilda carrega consigo a certeza de que tudo valeu a pena, se considera uma mulher feliz, que não tem tudo o que quer, mais tem tudo o que precisa.


“A você, mulher que está lendo minha história, quero lhe dizer que ser mulher é muito bom. Somos capazes de fazer um banquete com um ovo. Ser feliz é só ver que somos capazes de mudar, não importa a idade nem a conta bancária e sim o que fazemos por nós”.

Zilda



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