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Intolerância e alergia a lactose são a mesma coisa?


Olá meus amigos! Estamos de volta com mais um artigo, hoje iremos falar a respeito de intolerância à lactose e alergia a proteína do leite de vaca. Você sabe quais as diferenças entre esses dois problemas? Sabe quais os sintomas de intolerância e alergia? Vem comigo que eu te explico tudo.


Em primeiro lugar vamos entender que as reações adversas aos alimentos incluem qualquer reação anormal ocorrida durante ou após a sua ingestão, sendo classificadas em intolerâncias ou alergias alimentares.


A intolerância alimentar ocorre devido a componentes tóxicos ou químicos de alimentos, no caso da intolerância à lactose ocorre por deficiência da enzima lactase. Já a alergia alimentar é uma reação imunológica, na qual estão envolvidas as imunoglobulinas E ou as células T. É uma reação imunológica reprodutível, contra um antígeno alimentar específico geralmente proteico. Por isso quando falamos de alergia relacionada ao leite se trata da alergia à proteína do leite de vaca (APLV).


Falando de intolerância à lactose, precisamos entender que a lactose é o carboidrato do leite, o qual é formado por galactose e glicose, essa quebra da molécula é feita pela enzima lactase presente no intestino delgado, é assim é absorvido pela mucosa intestinal. Estima-se que 65% da população tenha esse tipo de intolerância, em países asiáticos esse percentual pode chegar a 90%. É uma síndrome a qual a pessoa apresenta sintomas gastrointestinais após o consumo de alimentos que contenham lactose. Existem três grandes tipos de deficiência em lactase: primária, secundária ou adquirida e congênita.


A expressão da enzima lactase atinge seu pico na infância e se reduz ao longo do tempo, isso justifica porque sua ocorrência é mais frequente na adolescência e em adultos, ocorrendo a não persistência primária (genética) da enzima lactase, denominada má-absorção primária de lactose. As causas secundárias incluem: doença celíaca, supercrescimento bacteriano do intestino delgado, gastroenterites, esclerose sistêmica e aumento da velocidade de trânsito intestinal.


A deficiência da enzima lactase permite que a lactose não digerida entre em contato com a microbiota intestinal, desencadeando um processo fermentativo, esse fato é o que provoca todos os sintomas, entre ele: gases, dores abdominais e diarreia. Os sintomas relativos à intolerância à lactose podem surgir a partir da ingestão de 12 gramas de lactose, equivalente a 240 ml de leite. No entanto, fatores como o tempo de trânsito intestinal e a quantidade de flora bacteriana intestinal podem aumentar a quantidade tolerável. Doses entre 18g e 50g podem ser bem toleradas, principalmente se houver consumo de outros nutrientes concomitantemente.


O diagnóstico envolve a avaliação da história clínica do paciente, o exame físico e a busca completa da história do paciente como análise do seu histórico gestacional, alimentar bem como fatores desencadeantes, podendo ser sugerida a restrição de lactose da dieta para avaliação dos sintomas, servindo como diagnóstico terapêutico. Existem muitos métodos diagnóstico específicos, entretanto a maioria é invasivo e caro, sendo pouco acessível para a população geral. Vários métodos diretos e indiretos são utilizados, dentre os principais métodos estão: teste do pH fecal; pesquisa de substâncias redutoras nas fezes; teste de tolerância à lactose; teste de hidrogênio expirado e a biópsia intestinal.


Para o tratamento recomenda-se dieta com baixa concentração de lactose. No entanto, a maior parte dos pacientes com intolerância à lactose tolera consumo de até 250 mL de leite de vaca ou equivalente 12 g de lactose ao dia. Outro ponto que pode ser favorável ao tratamento é a suplementação de prebiótico a base de galacto-oligossacarídeos (GOS), o qual aumenta a flora de Bifidobacterium spp, capaz de fermentar lactose. A suplementação de lactase nas refeições com lactose também deve ser instituída com objetivo de reduzir sintomas. Pessoas com síndrome do intestino irritável associada ao quadro de intolerância podem se beneficiar da dieta FODMAP (Oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis), que pode trazer alívio satisfatório das manifestações gastrointestinais. Para esse tipo de abordagem é imprescindível o auxílio do nutricionista.


Uma facilidade nos dias atuais é o advento de leites sem lactose, isso reduziu as restrições da dieta dos intolerantes, mas vale lembrar que o processo de deslactosação do leite UHT consiste na adição de lactase e repouso do leite já embalado, para hidrolise do dissacarídeo, dessa forma não há perdas nutricionais ou calóricas no alimento.


Já alergia à proteína do leite de vaca é o tipo de alergia alimentar mais comum nas crianças até dois anos e é caracterizada pela reação do sistema imunológico às proteínas do leite, principalmente à caseína (proteína do coalho) e às proteínas do soro (alfa-lactoalbumina e beta- lactoglobulina). É muito raro o seu diagnóstico em indivíduos acima dessa idade, visto que há tolerância oral é progressiva à proteína do leite de vaca. Em países desenvolvidos, a prevalência de crianças com até os dois anos de idade com APLV oscila de 0,3% a 7,5%, sendo que apenas 0,5% estão em aleitamento materno, ou seja, um fator de risco importante para esse tipo de alergia é o desmame precoce.


A APLV pode ser dividida em primária, ocorrendo em crianças; ou secundária, ocorrendo após surtos de gastroenterocolite aguda ou consequente à deficiência transitória de IgA.


Esse tipo de alergia provoca sintomas diversos em nosso corpo. Acomete pele com urticária, dermatite, coceira, inchaço de lábios e pálpebras. Provoca sintomas digestivos, como: dificuldade para engolir, refluxo gastrointestinal, recusa alimentar, vômitos, cólicas intensas, diarreia e sangue nas fezes. Por se tratar de uma reação sistêmica (no corpo todo) pode ter acometimento do sistema respiratório, com obstrução nasal, chiado, dificuldade para respirar, tosse seca. Além desses sintomas pode provocar ainda baixo ganho de peso, atraso no crescimento e desenvolvimento da criança.


O diagnóstico se baseia no teste terapêutico, que consiste no: desaparecimento dos sintomas em até 30 dias após exclusão da proteína do leite de vaca (fase de exclusão) da dieta, e reaparecimento dos sintomas após teste de provocação oral. O reaparecimento é imediato nos casos de APLV mediada por IgE (em até 2 horas), e nos casos de APLV não medida por IgE, ocorre em até sete dias.


O tratamento se baseia na exclusão dos alimentos preparados com leite de vaca e seus derivados da dieta da criança. Se a criança alérgica estiver em aleitamento materno, a mãe também deve deixar de consumir esses alimentos. Vale lembrar que o aleitamento materno é fator de proteção a alergia à proteína do leite de vaca.


Crianças que possuem esse diagnóstico devem ser acompanhadas pelo pediatra e nutricionista para que sejam feitos os adequados ajustes à dieta de acordo com a idade. É fundamental entender que a alergia não é de natureza quantitativa e sim qualitativa, ou seja, mesmo quantidades mínimas do alérgeno envolvido, quando presentes na alimentação destes lactentes, podem provocar reações adversas, por exemplo: alimentos preparados com manteiga ou margarina, purê de batatas, panquecas, etc.


A intolerância a lactose e a alergia à proteína do leite de vaca são problemas comuns e seus sintomas devem ser investigados com o objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida e adequado crescimento ao paciente. Ao suspeitar de um desses problemas procure seu médico e nutricionista.



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