Sra de Si

17 de ago de 20204 min

Dificuldades no aleitamento materno

Olá minhas queridas! Estamos de volta com mais um artigo do Agosto Dourado. Dessa vez vamos abordar os principais problemas e dificuldades encontrados no processo de aleitamento materno e o que fazer em cada situação.

A grande maioria dos problemas que acontecem no aleitamento materno são decorrentes da pega inadequada. Quando a pega não ocorre da forma correta além de provocar lesões no mamilo o bebê não é capaz de esvaziar completamente a mama, levando a estase do leite.

Um dos problemas mais comuns é o ingurgitamento mamário, que pode ser fisiológico e patológico. O ingurgitamento fisiológico ocorre durante a apojadura entre o 3° e 4° dia após o parto, as mamas encontram-se cheias, pesadas, quentes e sem qualquer sinal de vermelhidão ou edema. O bebê não encontra dificuldades para sucção do leite e a expressão manual ocorre com facilidade, sendo assim, essa situação fisiológica não requer nenhum tratamento específico.

Já no ingurgitamento mamário patológico acontecem três eventos: o leite não é drenado de forma eficiente, há aumento da vascularização local com congestão mamária e há obstrução linfática. As causas mais comuns estão relacionadas a técnica de amamentação incorreta, mamadas muito espaçadas, separação entre mãe e bebê, que levam a drenagem insuficiente do leite. Normalmente acontece entre o 3° e 7° dia após o parto, e as mamas encontram-se edemaciadas, doloridas e não drenam o leite com facilidade. Algumas mulheres poderão apresentar febre e mal estar. Como medidas preventivas recomenda-se: pega e posicionamento adequados, retirada eficaz do leite com livre demanda e evitar uso de suplementos.

O tratamento do ingurgitamento mamário consiste em: manter a amamentação com mais frequência e livre demanda, ordenhar manualmente o excesso de leite, realizar massagem circular quando as mamas estiverem túrgidas, ordenhar um pouco do leite antes da mamada, começar a mamada pelo seio mais túrgido, recomendar o uso de sutiã apropriado, de alças largas, que sustente bem os seios, fazer compressas frias nos intervalos entre as mamadas por um período não superior a quinze minutos, para diminuir a produção láctea, banho morno auxilia na liberação do leite, se necessário usar analgésico ou anti-inflamatório.

Outro problema bem comum é a dor mamilar, principalmente na primeira semana de pós-parto. Após esse período, se intensa e persistente, pode estar sendo provocada por trauma. As fissuras e bolhas são decorrentes da má técnica de amamentação (pega e posicionamento), mamilos curtos ou invertidos, disfunções orais da criança, da higiene desnecessária da aréola com uso de cremes, álcool e sabonetes e do oferecimento das mamas ingurgitadas. As principais medidas preventivas incluem: pega e posicionamento corretos, manter os mamilos secos, expondo-os ao sol e trocando os protetores mamilares com frequência, não usar sabões, óleos e álcool para limpeza dos mamilos, antes da mamada ordenhar um pouco de leite para deixar o bico mais macio, ao fim da mamada, introduzir o dedo mindinho no canto da boca do bebê para desfazer o vedamento soltando-o do peito sem traumatizar o mamilo.

O tratamento dos traumas mamilares é: orientar pega correta da aréola e a posição adequada do bebê durante a mamada, usar diferentes posições para amamentar, quando os mamilos já estão rachados, recomenda-se passar o próprio leite materno e deixá-los um pouco ao ar livre, ordenhar a mama antes da mamada para que o reflexo da ejeção já esteja presente quando o lactente iniciar a sucção, fazendo com que ele sugue com menos força, não usar sutiã muito apertado que impeça o arejamento do mamilo..

A mastite, uma complicação não tão comum, é o processo inflamatório da mama causada por estase do leite e infecção. Pode acometer somente a pele ou aprofundar-se pelo parênquima e interstício. As medidas preventivas da mastite são as mesmas para evitar o trauma mamilar e ingurgitamento mamário. Na mastite deve seguir as mesmas orientações do ingurgitamento mamário. É recomendado o uso de anti-inflamatório e antibiótico. Vale lembrar que nesse período de tratamento não se deve contraindicar a amamentação, pois a presença de bactérias no leite materno não trazem prejuízo à saúde do bebê. Se não tratada de forma eficaz pode evoluir para um abscesso mamário, que se caracteriza com intensa dor, formação de nódulo palpável e flutuante de pus e febre. Nesse caso é necessário realizar a drenagem cirúrgica, administrar antibiótico e esvaziar regularmente a mama.

Já um outro problema que pode acontecer é decorrente da insegurança da mãe em amamentar. A mãe produz em média 800 ml de leite por dia, o que é mais que suficiente para suprir as necessidades alimentares do bebê. Apesar disso muitas mães acham que tem pouco leite, ou que o leite é fraco. Isso é um mito! Esse sentimento materno pode estar relacionado a falta de informação, depressão puerperal, técnica inadequada de amamentação, afecções mamárias, como as que já abordamos nesse artigo. A insegurança materna, o ambiente familiar desfavorável, o estresse acabam liberando fatores hormonais que atuam reduzindo a produção de leite.

O leite materno é insuficiente para o bebê quando: o ganho de peso é insuficiente, o bebê não fica saciado após a mamada, o bebê chora muito mesmo após a mamada, ocorre redução da diurese, menos de 6 vezes por dia ou alteração das evacuações, com fezes em pequena quantidade, secas e endurecidas. As principais causas de insuficiência láctea são: técnica inadequada de pega e posicionamento, afecções mamárias como ingurgitamento mamário, fissuras, mastite, mamilos planos ou invertidos, depressão puerperal, uso de chupetas e complementos, medicações que reduzem a produção do leite, álcool, nicotina, doenças maternas sistêmicas e doenças neonatais.

De um modo geral a grande chave para um aleitamento materno de sucesso se baseia em uma mãe bem informada e tranquila, que possui uma rede de apoio que realmente lhe auxilie, dessa forma é possível corrigir os erros que acontecem prevenindo e tratando as intercorrências durante todo esse processo. Outro fator importante é não ter medo de pedir ajuda, existem profissionais que podem auxiliar a mãe a encontrar a melhor posição para amamentar e corrigir a pega, e dessa forma tornar o aleitamento materno uma fase linda e cheia de amor.

    340
    4